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Tradição e ousadia

 

Tatu o melhor marcador de quadrilha junina do Brasil

 

Por Patrícia Veloso

 

 

Do mais tradicional casamento caipira ao cangaço do Nordeste. A História “O coronel e o Lobisomem” também estava lá, assim como a força do vaqueiro do sertão e a magia do ilusionismo. Ritmos como xote, bailão, toada e até um leve remelexo cubano fizeram parte da 15ª edição do Concurso Regional de quadrilhas (ConQua). O evento ocorreu de 6 a 8 de agosto, na unidade de Taguatinga do Serviço Social da Industria (SESI). No dia 9, domingo, o público assistiu às apresentações do Arraiá Brasil 2009, uma amostra de quadrilhas de todo país.


Mais de 40 mil pessoas passaram pela festança, realizada pelo SESI-DF em parceria com a rede globo Brasília. Apresentaram-se no tablado 30 quadrilhas do DF e 7 grupos de outras partes do Brasil. Neste ano, a campeã do ConQua veio do Paranoá. A Triscô Queimô, com o marcador Luciano Cosme, de 28 anos, fez a melhor apresentação do concurso com o tradicional casamento caipira. O diferencial ficou pela abordagem de crenças e crendices relacionadas a Santo Antonio, o santo casamenteiro. O figurino dos 20 casais impressionou quem assistiu ao segundo dia de espetáculo.

O corpo de jurados foi composto por 12 profissionais, entre pesquisadores, produtores culturais, coreógrafos, cenógrafos, figurinistas, carnavalescos, atores e diretores teatrais. Para avaliar e analisar cada detalhe, os jurados contaram com binóculos e máquinas fotográficas. São 4 critérios: coreografia, marcação, animação e traje típico. Há 9 anos avaliando o ConQua, o presidente do júri, Hipólito Lucena, considerou o concurso de 2009 equilibrado. “o estilo dos quadrilheiros daqui é bem original e tem influenciado inclusive as quadrilhas Nordeste, aconselho a não mudarem”, disse.

O prêmio de torcida mais animada ficou com a Se Bobiá a Gente Pimba, de samambaia, que levou um troféu. Mais o evento, como de costume, foi mais o que uma competição. Foram dias de celebração às tradições do Brasil, uma oportunidade de a platéia conhecer novas histórias e manifestações culturais dos diversos pedaços do país – especialmente do nordeste – eu ajudaram dar a vida Brasília.
 

Sob os holofotes


As atrações do ConQua também fizeram o público cair na gargalhada. Abrindo a noite de sábado (8), a quadrilha Arroxa o nó, do Paranoá, entrou na pista com 16 casais puxando a frase: “Bota pra Lascar”, contando a história do casamento da Genoveva, o coronel Pisquila, interpretado por Leonardo Góis, de 22 anos, divertiu a platéia com uma espingarda e os esbugalhados. “dei o máximo de mim acho que consegui alegrar p público. Isso que conta para um quadrilheiro, não só ganhar o prêmio, mais mostrar nossa cultura”.disse.

Enquanto a quadra era limpa pelos colaboradores do evento para a próxima apresentação, a Associação Cultural Quadrilhas Saca Rolha, de São Sebastião, atentava-se às ultimas recomendações do marcador. Participando do ConQua pela quinta vez, sendo este ano pela primeira vez no grupo A, ao quadrilheiros exploram o tema O Vaqueiro, usado nos últimos 2 anos. Os trajes desenhados e confeccionados com seda, courino e Oxford destacaram as cores do nordeste, custando R$3,5 mil.

O ex-menino de rua João Paulo Alves dos Santos, de 23 anos, assumiu a presidência da Saca Rolha quando a quadrilha ainda estava no módulo C da Liga de Quadrilhas do DF e entorno. É um apaixonado pela atividade. “faz parte da minha vida. Se nascesse de novo, não queria ser mais do que sou, só queria ser quadrilheiro”, confessou.
 

Na Torcida


Quem passou pelo arrasta-pé do SESI-DF, apelidado carinhosamente pelos participantes de “Copa das Quadrilhas”, teve a oportunidade de saborear pratos regionais e delícias típicas de São João, que deram “sustância” não só para os freqüentadores como para os competidores.

Difícil foi escolher uma quadrilha favorita. A competição foi equilibrada, na visão do presidente da FIBRA e diretor-regional do SESI-DF, Antônio Rocha “o ConQua fica mais bonito a cada ano, é uma grande festa que resgata a tradição cultural nordestina em Brasília”, observou.

O vice-presidente da FIBRA, Ricardo Caldas, foi um torcedor pé-quente. Ele vibrou pela Pau Melado, de samambaia, e pelos conterrâneo de Sergipe, destaques do Arraiá Brasil. “há 6 anos acompanho esse trabalho, realmente é um evento muito importante para nossa cultura. A Pau Melado surpreende a cada ano e também torço para minha terra de coração, “Sergipe”, disse.

Quem assistiu o espetáculo pela primeira vez também se encantou. O motorista Adilar Antônio da Silva, de 28 anos, e a autônoma Geise da Silva, de 26 anos, acompanhavam cada detalhe das apresentações em um dos telões instalados no SESI Taguatinga. O casal foi ao ConQua por indicação de um amigo e eleogiou a organização. “os grupo estavam muito bem preparados, a comida é de qualidade em com preços acessíveis”, disse. As filhas Andressa, de 5 anos, e Alessandra, de 7 meses acompanhavam os pais no evento.

Tanto quanto uma homenagem à tradição do País, o ConQua é um processo de socialização e inclusão social para os envolvidos e para sociedade Brasiliense. A definição é da analista de Negócios Sociais da Unidade de Cultura, esporte e lazer do Departamento Nacional do SESI, Lucinaide Pinheiro. “Sou apaixonada por esse projeto, que começou nas festas juninas do SESI Ceilândia em 1994 e agora abrange todo o Distrito Federal e Estados. É a força Cultural popular mais próxima da gente”, afirmou.

A 15ª. Edição do Concurso Regional de quadrilhas contou também com a parceria da Liga Independente de Quadrilhas Juninas do Distrito Federal (Liqui-DF). Foram distribuídos cerca de R$17,5 mil em prêmios e os primeiros colocados também receberam troféus produzidos pelo artista plástico Délcio Batalha. Todas as equipes receberam placas alusivas ao evento.
 

Arraiá


O Arraiá Brasil 2009 reuniu 9 grupos das Regiões Norte, Nordeste, Sudeste, e Centro-Oeste na última noite, mas apenas 7 chegaram à final. Na competição, o título ficou com a Pau Melado pela terceira vez consecutiva. A quadrilha trouxe para a festa o casal de noivos Michele e Eliseu, que teve a melhor apresentação. Já o título de melhor marcador, ficou Hamiton Texeira dos Santos. De 31 anos, conhecido como TATU. “É muita felicidade, por seis anos fomos a terceira do Arraiá Brasil, agora fomo a terceira do Arraiá Brasil, agora ficamos em primeiro, o grupo está bastante satisfeito com essas premiações”, afirmou o marcador. “Ano que vem devemos nos superar para levar o pentacampeonato no ConQua e o Tetracampeonato no Arraiá Brasil”, adiatnou. Ele recebem de premiação o valor de R$5 mil.

O grupo Pau Melado entrou com o tema Uma Década de Festa no Brasil – Balaio cultural, voltado ao Movimento Armorial, de Ariano Suassuna. Foram 3 meses de muita pesquisa e mais 6 meses de ensaio. O figurino dos 16 casais fez uma alusão à paixão entre o vaqueiro Benedito e a Boneca Amaralina, com muito xadrez, chitão e fitilhas – tudo bem colorido. Nosso estilo é o sarauê – uma mistura de todos os ritmos em um só, o que tem agradado bastante”, comentou TATU.

A quadrilha Chapéu do Vovô, de Goiânia, comemorou o jubileu de prata com o tema Do Balaíla ao Arraiá, sem véu, mas com chapéu. Eram 18 casais na pista o figurino impecável, composto de cores fluorescentes. Com passos rodados e mãos para todos os lados, o grupo arrancou aplausos do público dançando ao som da música Beijinho Doce de Tonico e Tinoco e A Dança do Tiro liro, de Roberto Leal. A apresentação garantiu para o grupo o 3º. Lugar no Arraiá Brasil 2009.
Segundo o marcador Valdeir Antônio Aguiar, 39 anos, o “Pelé”, o grupo, que ensaiava desde janeiro aos finais de semana almejava o primeiro título. “Hoje viemos para ganhar, batalhamos muito para chegar até aqui”, disse. Mesmo com o cansaço após 20 minutos de apresentação, a dançarina Mislene Souza Vaz, 30 anos correu para amamentar a pequena Alana, de 3 meses de idade. “faço parte do grupo há 16 anos. É o meu segundo filho dentro da quadrilha. Foi um pouquinho cansativo, mas consegui”, comentou a mamãe.

 

Última atualização em Qua, 07 de Abril de 2010 20:08

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